sexta-feira, fevereiro 19, 2010

O clamor de Jeremias


por: Vinícios Morais

Em Lamentações vemos um profeta desolado pela desgraça que se abateu a seu povo.

Jeremias derrama seu coração diante de tão grande calamidade.
Este livro é um relato muito sincero de quem está boquiaberto com os acontecimentos que sucederam em Jerusalém.

O profeta que por tanto tempo avisou e pediu para que o povo se arrependesse, agora vê o resultado do coração duro de uma nação.
Ele fala das edificações destruidas, da cidade abandonada, dos remanescentes que "sentam-se no chão em silêncio". Que cenário terrível! A cidade que outrora era o orgulho de toda uma nação, agora está em ruínas!

E Jeremias continuou clamando, sentindo uma dor insuportável ao ver seu povo sofrer de tal maneira.
E que dor era essa, afinal? Essa dor era a dor de Deus. Jeremias reproduzia em seu ser, a mesma dor que Deus tinha em ter de discplinar o Seu povo. Por vezes Deus dizia que tinha maior prazer em que o ímpio se arrependesse de seus maus caminhos. O coração de Deus sangrava com toda esta situação. Tal qual um pai que precisa disciplinar o filho, mas sente dor ao fazê-lo.

O livro de Lamentações tem um ar pesado, um clima de gravidade extrema.
Todavia, "inexplicavelmente", no capítulo três, Jeremias "traz de volta à memória, aquilo que lhe traz esperança".
Em meio à toda aquela destruição, Jeremias é capaz de proferir palavras lindas como as que se seguem:
"Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se a cada manhã; grande é a sua fidelidade! (...) O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranqüilo pela salvação do Senhor" (Lm 3.22,23 e 25).

Mas como é possível enxegar estas coisas em meio a tanta destruição? Como é possível afirmar que Deus ama, em meio a tamanha desolação?
Creio que esta realmente é a diferença de quem confia no caráter de Deus. Apesar de qualquer situação, Deus não mudou, e nem mudará!

Estas afirmações de Jeremias parecem com as afirmações de um certo ladrão numa cruz, muito tempo depois (Lc 23.32-43). Este homem, mesmo estando à beira da morte, foi capaz de ver beleza e salvação em um outro homem, tão desfigurado, tão moido, tão "desgraçado".

Que capacidade maravilhosa é esta, a de enxergar a salvação de Deus naquilo que aparentemente é apenas destruição. Que fé maravilhosa!

Peço a Deus para que possamos enxergá-lo em nossas vidas, mesmo quando tudo estiver em ruínas.

Que os irmãos do Haiti possam, também, enxergar o amor de Deus...

Deus abençoe! 

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