domingo, janeiro 24, 2010

Cruzeiro No Haiti

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O site VIOMUNDO traduziu e postou uma matéria do jornal inglês THE GUARDIAN.
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Navios de cruzeiro ainda encontram porto no Haiti

por Robert Booth, no jornal britânico The Guardian

A noventa quilômetros da zona devastada pelo terremoto no Haiti, navios luxuosos de cruzeiro atracam em praias privadas, onde os passageiros aproveitam para andar de jet sky, de paraquedas puxados por barcos e para beber coquetéis de rum levados até suas cabines.
 
O "Independência dos Mares", de 4.370 lugares, de propriedade da Royal Caribbean International, desembarcou no resort fortemente vigiado de Labadee na costa norte do Haiti na sexta-feira; um segundo navio de cruzeiro, de 3.100 passageiros, o "Navegador dos Mares", vai atracar.
 
A companhia de cruzeiros da Flórida aluga a península coberta de florestas e suas cinco praias cristalinas do governo para os passageiros relaxarem com esportes aquáticos, churrascos e compras em um mercado de bugigangas antes de retornarem a bordo no fim da tarde. A segurança é garantida por guardas armados.

A decisão de ir adiante com a visita dividiu os passageiros. Os navios levam alguns alimentos para entregar como ajuda e a empresa de cruzeiros prometeu doar tudo o que ganhar com a parada em Labadee aos haitianos que sofreram com o terremoto. Mas muitos passageiros decidiram ficar a bordo; um disse se sentir "com naúseas".

"Não consigo me ver tomando sol na praia, brincando na água, comendo churrasco e aproveitando de um coquetel enquanto [em Porto Príncipe] há dezenas de milhares de pessoas mortas sendo jogadas nas ruas, com os sobreviventes em choque procurando por água e comida", um passageiro escreveu num fórum da internet sobre o cruzeiro.
 
"Foi suficientemente duro sentar e comer um almoço em Labadee antes do terremoto, sabendo quantos haitianos morriam de fome", disse outro. "Não consigo imaginar mastigar um hamburguer lá agora".
 
Algumas das pessoas que fizeram reservas em navios programados para atracar em Labadee tem medo de que gente desesperada tente invadir os resorts pulando as cercas de 4 metros para conseguir comida e bebida, mas outros parecem determinados a aproveitar as férias. "Estarei lá na terça-feira e vou aproveitar a excursão e o meu tempo na praia", disse um deles.
 
A companhia disse que a questão de "promover uma experiência de férias tão perto do epicentro de um terremoto" tinha sido tema de um debate interno considerável antes de decidir incluir o Haiti nos itinerários das próximas semanas.

"No fim das contas, Labadee é crítica para a recuperação do Haiti; centenas de pessoas dependem de Labadee para sua sobrevivência", disse John Weis, vice-presidente. "Em nossas conversas com o enviado especial das Nações Unidas para o governo do Haiti, Leslie Voltaire, ele notou que o Haiti vai se beneficiar da renda gerada pelos navios. Também temos tremendas oportunidades de usar nossos navios como meio de transporte para levar mercadorias e pessoas para ajudar o Haiti. Colocando de forma simples, não podemos abandonar o Haiti agora que ele precisa mais da gente".
 
"A parada em Labadee na sexta foi bem", disse a Royal Caribbean. "Tudo estava aberto, como sempre. Os passageiros ficaram felizes ao saber que 100% dos ganhos em Labadee seriam doados para a ajuda [às vítimas do terremoto]".

Quarenta pallets de arroz, feijão, leite em pó, água e comida enlatada foram entregues na sexta e outros 80 serão entregues, com mais 16 em navios subsequentes. Quando chegam a Labadee, os mantimentos são distribuídos pelo Food for the Poor, um antigo parceiro da Royal Caribbean no Haiti.

A Royal Caribbean também prometeu 1 milhão de dólares em ajuda aos desabrigados e vai gastar parte disso com os 200 marinheiros haitianos que fazem parte das tripulações.
 
A companhia recentemente investiu 55 milhões de dólares reformando Labadee. Emprega 230 haitianos e estima que mais 300 tiram benefícios do mercado. O lugar foi apresentado como um farol de luz para os investimentos privados no Haiti; Bill Clinton fez uma visita em outrubro. Alguns haitianos denunciaram o aluguel da península como a privatização efetiva de uma parte da costa da república.

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